Brasil produz 900 toneladas de erva-mate por ano e diversificação no mercado mostra universo muito além do chimarrão
Em busca da erva-mate perfeita, profissionalização enriquece experiência multissensorial. Aperfeiçoamento de técnicas mostra que nem só de vinhos ou cervejas vive um Sommelier
Sommeliére de Mate vai muito além de experimentar chás
O Brasil produz hoje cerca de 900 mil toneladas de erva-mate, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o portfólio da planta, que foi fundamental ao desenvolvimento da região Sul do País, é bem mais extenso do que se pensa. Embora maciçamente a produção dos ervais ainda remeta ao passado e transforme folha em chimarrão ou tereré, uma grande linha de novos produtos aparece com força no mercado, provando que é possível mudar a forma de consumo iniciada há um século. Chás, drinks e temperos feitos a partir da planta ganham as gôndolas, mesas e os paladares. “A erva-mate é realmente uma planta que vai muito além do chimarrão”, assegura a empresária, Tea Blender e futura Sommelier da Gourmate, Carla Mikolaiewski.
A Gourmate, aliás, empresa paranaense, mas que comercializa para todo o Brasil, procurou aproveitar esse momento de refinamento degustativo para materializar uma nova forma de utilizar a erva-mate. A marca é resultado de um estudo fundamentado da anatomia da erva-mate e de tudo o que ela pode oferecer. Oportunidade observada na Agroindústria Qualitá do Brasil, fazenda com certificação orgânica da família de Carla, a Gourmate foi criada justamente para buscar novas oportunidades e reúne itens saudáveis, práticos e saborosos.
No caso dos chás, por exemplo, os blends podem ser consumidos quentes ou frios, em drinks (alcoólicos ou não) ou adicionados ao popular chimarrão. Já as releituras dos temperos chimichurri, ervas de Provence, lemon pepper e mix prático podem ser usadas na maioria dos pratos salgados. “A Gourmate foi pensada não apenas para buscar as funcionalidades, mas sim experiência de sabor, novos sabores para a erva-mate”, destaca.
Garantir a delicadeza da introdução da planta seja na alta gastronomia ou no dia-a-dia é fruto de um trabalho de imersão que está sendo vivenciado por alguns profissionais visionários do setor que buscam diversificar a produção e transformação da matéria-prima. A novíssima criação de uma especialização em Sommelier de Mate eleva a capacidade de interpretação de todas as fases do produto. Além de resgatar a história da planta, conjunturas para descrever sobre terroir [fatores naturais que influenciam a produção] e dos principais métodos de processamento da Ilex paraguariensis, o Sommelier de Mate não apenas entende os tons e as notas da folha ou harmonizações, mas, como profissional, compreende o valor e o papel do produto na economia, se tornando então, um grande propulsor do desenvolvimento de modo mais amplo e concreto. “Me tornar Sommeliére de Mate ajuda entender melhor da planta, fazer análises sensoriais e me dá a capacidade de ampliar o repertório para muito além do chimarrão. Como profissional, o sommelier fecha uma lacuna muito importante na cadeia produtiva da erva-mate assim como aconteceu com o vinho, café, cerveja e chá”, afirma Carla.
O universo da erva-mate vive um novo capítulo há algum tempo, mas não deixa, ainda assim, de ser uma potência econômica, gerando empregos e renda ao longo de toda a sua cadeia produtiva. “E, observando o exemplo de outras bebidas, já podemos otimistas nos colocar a pensar sobre a riqueza cultural, sensorial e financeira em si pode estar sendo construída através deste novos desbravadores da Erva-mate! Voilá!”, comemora.