Língua de boi: ingredientes considerados de segunda linha no BBB são amplamente consumidos na Europa
Chef Henrique Campos, do Figurate Italian Food, ensina a preparar uma das carnes mais consumidas pelos integrantes da casa: a língua bovina
Língua fatiada com molho de salsa
Os espectadores do reality Big Brother Brasil já sabem: toda quinta-feira tem prova do líder e, na sequência, o elenco da casa é dividido em dois grupos: o Vip e a Xepa. O primeiro é auto-explicativo e refere-se ao grupo com acesso aos privilégios do líder, com comida e bebida farta. Enquanto o grupo da Xepa tem uma alimentação mais escassa e sem variedade no cardápio. Além disso, as compras de mantimentos são restritas a itens considerados de segunda linha.
As carnes mais comuns na Xepa do BBB 22 são rabada, língua, fígado e moela, itens considerados de segunda qualidade. Apesar disso, são cortes comuns na mesa de consumidores europeus. Conforme o chef Henrique Campos, do Figurate Italian Food, estes itens compõem alguns dos pratos de maior consumo na Europa, em vista do preço oneroso dos cortes de carne por lá. “A culinária italiana, por exemplo, é uma vertente que inspira muito o cardápio brasileiro. A rabada com polenta vem da inspiração dessa culinária”, diz o chef.
Um dos maiores tormentos para os participantes do reality que passam pela Xepa se dá no momento de ir para o fogão preparar as refeições com poucas opções de ingredientes. Algo comum para muitos brasileiros que, independentemente da edição do BBB, têm o desafio de lidar permanentemente com a falta de recursos e variedade para elaborar um cardápio na vida diária.
Aproveitando a experiência do chef Campos, adquirida ao longo de suas temporadas na Europa, reunimos duas dicas para incrementar um dos itens da Xepa, mas que servem para compor a mesa de qualquer casa brasileira: a língua de boi, com sugestão de molhos.
Língua em molho verde, uma iguaria na culinária italiana
A culinária italiana é considerada uma das mais populares no mundo e, ao mesmo tempo, uma das mais ricas em variedade de pratos, incluindo vários tipos de carne. Mas o preparo da carne, segundo o chef Henrique Campos, varia de acordo com a região. Ela pode ser cozida, assada, frita ou grelhada. “A culinária italiana carrega uma cultura de consumir de tudo”, explica.
Considerada uma iguaria na Itália, a língua pode ser preparada, cozida e curada, servida fria e fatiada. Como acompanhamento, o chef recomenda um molho de salsa ou molho verde, preparado com salsinha, vinagre, azeite de oliva, alcaparras e uma gema de ovo cozido. Para apurar a maciez da carne, o segredo está no tempo de cozimento: uma hora e meia, bastante água e pimenta do reino; e para manter a integridade da língua após o cozimento, o ideal é esperar esfriar para depois fatiar.
Língua em molho vermelho
Para uma receita à moda brasileira, o chef recomenda cozinhar a língua separadamente em água, sal e ervas. Sempre esfriar antes de fatiar e na hora de servir, o ideal é que seja imersa no próprio caldo de cozimento incorporando o molho de tomate e ervilhas frescas. “Uma receita bem comum no Sul do Brasil, com influência da culinária alemã”, enfatiza Henrique.
Com os preços das carnes em alta no Brasil, os consumidores se veem num verdadeiro “paredão” diário para incluir algum tipo de proteína animal no cardápio, especialmente os cortes bovinos que, juntamente com as carnes de porco e de carneiro, no período de 12 meses até janeiro de 2022, tiveram aumento de 9,5%. Os dados são do IPCA 15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), que é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em consulta a dois aplicativos de compras online, o preço médio por quilo da língua bovina na região de Curitiba, no Paraná, varia entre R $19 reais a R $23 reais, sem a taxa de entrega. Para uma receita mais saborosa, o chef Henrique Campos recomenda comprar esse corte de carne fresca e sugere uma expedição ao Mercado Municipal de Curitiba, além de explorar ofertas em casas de carne e açougues.